quinta-feira, 2 de julho de 2009

REFLEXÕES SOBRE NOSSAS ORIGENS


Gostaria de deixar clara a minha preocupação com a recorrente associação da Umbanda com cultos de Nação, Candomblé e voduns. Se formos pesquisar seu criador, Zélio, oriundo do rito católico é muito mais próximo dos cultos kardecistas, não há aproximação com cultos africanos. Sete Encruzilhadas possui uma linha ética que poderia ser vista como kardecista facilmente, sem falar no fato de que, do culto africano trazido ao Brasil, se apropria somente do nome das entidades principais, a quase totalidade das palavras, termos e expressões usadas tanto na doutrina quanto na escola material são de origem TUPÍ-GUARANI.
Sempre me pareceu que atribuir à Umbanda uma origem africana é um ato de alienação, que para os cultos africanos serve como multiplicador de força e falso paternalismo para nós; para os cultos europeus, brancos e elitistas o nivelamento a condição de folclórico, alternativo, uma seita; bolha de subcultura, reforçando um colonialismo religioso e cultural, embotando a força do novo.
Se formos ver semelhanças da Umbanda com cultos africanos, onde se enquadra a Escola do Caboclo Mirim ministrada por Benjamin Figueiredo?
Muito cuidado para não se tornar um eco de uma mentira confortável às forças que se opõem a nós tanto no Astral quanto no plano material.
Fenômenos de incorporação, conversas com espíritos ou entidades aparecem em todas as religiões de uma forma ou de outra, umas mais outras menos, umas reprovam e abominam outras reverenciam e reafirmam. Catolicismo, Judaísmo, Islamismo, Budismo, Taoísmo, Hinduísmo, culto grego clássico, Zoroastrismo, cultos da cultura polinésia, Kardecismo e culturas ancestrais do Egito dentre outras fazem alguma menção ao fenômeno mediúnico e de incorporação.
Dizer que a Umbanda tem origem em cultos africanos ainda me parece miopia, os dados antropológicos apontam, em minha opinião, aspectos do positivismo, da ordem militar, da necessidade de uma nova identidade nacional e dentre outros mais, porém deixo em mim o espaço para ver e ouvir outra descrição destes fatos por outros pontos de vista.
Tenho o hábito de ser, principalmente quando escrevo, muito preciso e enfático no descrever meus pensamentos, sei que isso pode, por vezes, ser confundido com aspereza ou arrogância, mas creiam é apenas a necessidade de ser exato sem dar margem a interpretações indesejáveis.
Quando falamos sobre religião estamos mexendo com o que é para a quase totalidade dos indivíduos a ultima muralha de esperança, estamos indo de encontro ao sentimento paterno, por vezes infantil ( caso do radicalismo ), por vezes orgulhoso, do vislumbre do Criador.
Não compartinho das idéias de Matta e Silva, e já ouví vários testemunhos que desmentem muitos de seus relatos, assim como posso dizer o mesmo de quase todo mundo, sobre qualquer assunto e em qualquer lugar e portanto leio tudo e ponho a prova da forma possível, mas dificilmente tomo este ou aquele relato como verdadeiro ou confiável, o que não quer dizer que outros tenham que compartilhar de meu ceticismo.
No entanto no que se refere a um relato de pretensão histórica ou científica, fico muito preocupado no que tange a critérios. Para um texto que pretenda a descrição de um fato, o narrador deve estar preocupado com o verdadeiro moto e objetivo de seu trabalho, e se científico ou histórico, não deve ele estar teorizando para provar uma tese, pode cair em armadilhas sofistas. O estudioso deve prever a possibilidade irritante e desfavorável de sua pesquisa o levar a conclusões não esperadas. É sempre bom observar o método criteriológico de pensadores do passado ( Locke, Decartes, Freud,etc ), esses homens discorreram sobre o pensamento humano, suas estruturas e intencionalidade.
Fico preocupado com o que se conclui da pesquisa histórica pois não raro, a despeito da verdade dos fatos, torna-se verdade histórica investida de oficialidade.
Entendo que para um católico , judeu ou islã possa parecer que umbandistas e os "feitos no Blé" tenham a mesma origem, mas é indesculpável para nós esta visão, mesmo levando em consideração as diferenças entre as diversas casas e tendas isto não é aceitável.

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