sexta-feira, 17 de julho de 2009

MORAL, ÉTICA E MAGIA

Ética Umbandista

O objetivo principal da Umbanda é a interligação com forças que permitam a elevação do ser a uma condição mais perfeita e harmônica com tudo o que existe. O que se coloca é:

* Para quem, ou para que, se dirige o sagrado em mim?
* Que instrumentos utilizo para isto?

* O que desejo d
a minha relação com o sagrado?

Em verdade é necessário se entender o que é Umbanda, mesmo que seja apenas sob um ponto de vista pessoal.

A Umbanda existe para eu:
  • me tornar melhor como pessoa ou para melhorar as minhas condições materiais neste e em outros planos,
  • para aumentar meu entendimento e propiciar a harmonia ao que se relaciona comigo ou aumentar minha capacidade de influência e poder diante da vida,
  • sou dela servidor ou dela me sirvo,

Mais que saber se uso ou não carne, sangue, víceras, ou minha mente devo saber o que quero e como realiza-lo.
Em tudo o que tocamos deixamos uma parte de nós, fisicamente, tudo de que tratamos está no nível de planos físicos, nossas angústias, medos, realizações, alegrias estão sempre sendo trocadas sem que nos apercebamos disso. Assim como a dor física, o medo e desespero dos desequilibrados também, a quem estamos alimentando com estas energias? Que processos estamos ativando? Como posso achar possível vibrar prosperidade causando a dor, desarmonia e virando as costas para o serviço da caridade. Nada tenho com aqueles que buscam tais práticas, a eles elas devem servir e não me cabe julgar, mas "Umbanda é coisa séria para gente séria ou para quem quer se tornar sério". Sou filho da escola do Caboclo Mirim na cabeça de Benjamim Figueiredo, em nossa escola nem velas usamos, não temos imagens, a única aceita é a de Jesus com a afirmação de ser ele " o médium mais perfeito", é um ideal. Porém não negamos nossos irmãos que adotaram outras formas, mas se somos Umbanda temos alguns pontos básicos comuns e um deles é o respeito à vida, a busca do equilíbrio e o serviço da caridade. Se algum sacrifício se justifica ele é de âmbito pessoal, e apenas das vontades da personalidade pequena e imperfeita. Sugiro também que pesquisem mais sobre captação, conversar com um médium experiente nesta técnica pode ser útil para esclarecer mais sobre as marcas energéticas deixadas por estas práticas.
Ambas as vertentes que coloco aqui podem ser objetivadas e exercidas de forma digna, e se o forem trarão certamente um bem e um eixo de equilíbrio viável para nós, mas devemos escolher com sinceridade, sem falsos moralismos, por uma vontade íntima e determinada qual queremos. Qualquer magismo, solar ou lunar, mental ou natural (astral), serve-se das mesmas leis universais que determinam as leis naturais de inteiração entre tudo o que existe, não importa se queremos condições financeiras para comprar um carro, um bom emprego, ganhar na loteria, curar um enfermo, vibrar a paz e a harmonia; neste plano de existência em que estamos, tudo o que objetivamos e utilizamos para isso é do âmbito das coisas naturais, regido por leis naturais. É na natureza que vamos encontrar os pontos de apoio e de firmeza para a potencialização de nossa vontade, nela estabeleceremos alianças com outras forças e vontades para realizar o trabalho desejado, nelas estabelecemos o limite divisório do que é moral, das escolhas íntimas que definem estas afinidades, não basta dizer que curar um doente é bom, ou que ganhar na loteria sozinho parece egoismo, vale a intenção de nosso desejo (mental ou causal) que se revela na forma de nosso trabalho (físico ou material), focado, regulado e direcionado pelo poder de nossa vontade às demais forças envolvidas no trabalho (turbilhôes astrais, entes astrais) , por isso admite-se classicamente, por todas as escolas magistas que conheço, reconhecidas pelas ciências filosófica e teológica, e isto é fato indiscutível, a disposição das vertentes de força das leis universais serem de SUBLIMAÇÃO ou COAGULAÇÃO, tal encontra-se descrito em forma arcana na 15ª lâmina do Tarô, O DIABO, tal vê-se na direção dos caminhos simbolizados por Jaquim e Boaz entre malkut e keter na Cabala, expressas por PLENITUDE em contraponto à ENTROPIA.Desculpem se pareço pretensioso, não é o meu desejo, antes de tudo pretendo aqui estabelecer o que seja um postulado moral pessoal e de todos os que como eu se chamam filhos de Umbanda, de como outros se chamam não é o foco aqui. Paz e harmonia a todos e para sempre.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Posições, conceitos e preconceitos

Meus caros cada um é dono de seus pés e responsável pelos caminhos por que passa, a Umbanda é tão vasta que pode, e disto eu sei muito bem, fazer tudo sempre de outra forma, como já disse não me cabe julgar se esta ou aquela ferramenta de trabalho ou mesmo um ritual é bom, melhor que o outro, mais bonito, simples ou adequado ante qq outra coisa.
Pondero apenas, e para isto estamos aqui, de como fazer o que faço, porquê faço, e quais as consequências do meu fazer, meu fazer é Umbanda, a que aprendi e respeito, entretanto dizer o que penso da Umbanda não é desrespeito à idéias divergentes ou a seus defensores.
Não confundam o debate de idéias, muitas vezes apaixonado, com intransigência ou extremismo de qq tipo, simplesmente coloco minha estranheza e discordância com aquilo que vejo a minha volta, que grita a meus olhos. Em momento algum disse que este ou aquele rito, deste ou daquele é impostura ou maléfico, pondero apenas como alguém que pensa e difere, mas que com certeza encontra em muitos outros ouvidos atentos e firme assentimento.
Espaços como este que partilhamos não é lugar para troca de elogios, tapinha em costados virtuais, afagos do ego ou onde simplesmente observamos o quanto somos inteligentes e sábios de nossos saberes, este é um espaço para o debate, para mostrar nossas diferenças e revelar um pouco d'algo que por ventura esteja sendo negligenciado ou esquecido, mau versado ou deturpado, espaço para lembrarmos e afirmarmos quem e o que somos.
Se alguém me interpela por algum ponto de vista conflitante devo ficar furioso por não agradar? Tenho eu o direito de achar fulano preconceituoso se não concorda com meus conceitos? Ou devo debater pontualmente, consciente de poder não levar meu interlocutor ao meu ponto de vista, pelo simples fato de com isto gerar algo mais importante: o pensamento crítico através da visão do outro.
Não estamos aqui para despejar quilos de conhecimentos adquiridos em anos de trabalho para ser sorvidos avidamente por uma assistência inculta, estamos para fomentar a capacidade de pensar e questionar intimamente nosso viver.
Em momento algum pretendo fazer qq um pensar como eu ou fazer isto assim ou assado conforme eu haja dito, pretendo sim ouvir o outro, buscar dele suas verdades para aprender mais.

Oferendas e Compromissos

Oferenda, donativo, dízimo.

Através do tempo o homem buscou de muitas formas a comunicação com a divindade. Mas a divindade não responde...
agradar a divindade, dando a ela parte daquilo que tem de mais precioso e importante, foi esta a forma, em todo o mundo, encontrada pelas religiões antigas e sociedades primitivas para trocar com Deus. Se a divindade, segundo sua tradição, gosta de cachorros imola-se o bichinho pois isso agradas a Deus e é uma oportunidade de divinização para o cão.
Hoje temos o dízimo como oferenda física do mais importante para a manutenção da vida e do conforto: o dinheiro.
Os cultos espiritas e espiritualistas, a Umbanda, encontraram na entrega ao serviço espiritual e à caridade em todos os níveis, sua suprema forma de doação. Não digo com isso que esta ou aquela tradição religiosa esteja errada ou que sua postulação é anacrônica, mas digo que hoje o que mais temos de precioso é o nosso tempo, eu doo no mínimo duas vezes por mês um dia inteiro para meu compromisso, em alguns meses tenho a alegria de faze-lo mais, mas pelo menos este pouco eu posso manter, e isto defendo com a força da minha alma na expressão de meu compromisso.
Acho que isso é o máximo que podemos esperar, se esperar algo de alguém podemos...

Leis do Arbítrio


Leis do Arbítrio A Umbanda é o exercício da caridade, através da humildificação do ego menor, na disciplina laboriosa e paciente do homem que pequenino se agiganta, levanta a cabeça e vislumbra o firmamento sentindo-se pleno na divina satisfação de haver feito a sua parte, de saber seu dever estar cumprido, consciente que a ninguém é dado o direito de negar o livre arbítrio de outro e como filhos da Umbanda plantamos flores em nome do Pai e guerreamos por um irmão. A mão de um de nós só aponta à guerra pelo ideal da liberdade, sempre conscientes que pelo respeito a ela, respeitamos as decisões de outros mesmo que desastrosas para si, o aprendizado é um direito e cada um faz seu próprio caminho. A Umbanda é amplitude, é a Vida em ação, faz-se em nós pela integração do homem em si mesmo e com seu ambiente, na relação consciente, equilibrada, construtiva e irmã com o Todo da Criação, para a partir daí comungar a essência do Criador. Entidade de Luz alguma interfere no livre arbítrio de alguém, e se atuam mais diretamente em algum aspecto de nossas vidas o fazem no cumprimento das Leis Universais do Equilíbrio, da Caridade e da Liberdade. Portanto em Umbanda não se faz mau a ninguém, não se atravessa o caminho de ninguém; Deus não castiga mas também não perdoa, dá sim o espaço da escolha de cada um, dos caminhos que escolhemos e como desejamos trilhar. Das Leis ninguém escapa ou se esconde, não é preciso punir, prender ou amarrar, a vida já o faz com o tempo, qual quer outra coisa não é Umbanda, e se está em desacordo com estas Leis comete um crime.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

CABALA


Assim como os judeus, cristãos, espiritas e espiritualistas cristãos também se dedicam ao estudo da CABALA, evidentemente cada qual segundo suas visões de realidade.
É certo, para nós umbandistas, é possível reencarnar infinitas vezes, porém assim como para os judeus não é possível voltar no que se entende por "estágio evolutivo da alma", uma vez que subidos os degraus para o Paraíso deles não podemos descer, quando muito podemos abdicar da caminhada mas isso significa errar no mesmo estágio, veja que o errante, o desterrado essencialmente erra..., peca contra seu compromisso diante de si e do Criador.
Reaver o Paraíso perdido é sempre uma meta, uma intenção em direção ao mais puro e perfeito de nós em nós mesmos. O DAAT não é em lugar ou espaço a ser preenchido, é a possibilidade de integração do ser pequenino da personalidade individualizada para plenitude do Ser maior integrado na comunhão perfeita com o Todo.
A isso poderíamos chamar ressurreição, não da carne comum deste plano, que nem admitimos como nosso, pois nossa morada é CHESED (חסד), nosso reino é TIPHERED (תיפארת), MALKUT (מלכת) é somente nosso campo de atuação. Ressurreição para nós se traduz por reintegração, é para todos os fins recompor-se em todos os níveis , inclusive o físico, numa nova natureza.

terça-feira, 7 de julho de 2009

TRONQUEIRA AFORA


Para a maioria esmagadora dos trabalhos espirituais a que nos dedicamos, mesmo considerando as diferenças entre as casas e entidades, não é necessária a presença da pessoa que está sendo tratada ou a presença de médiuns em um determinado ambiente, tudo pode ser feito à distância. Lógico que existem situações em que é necessário ir ao local ou a presença física do paciente, mas isso é exceção.
Sou médium de uma casa que por muitos anos fez publicamente a ajuda a um orfanato aqui no Rio.
Com o tempo para nós ficou claro a utilidade da ajuda e a inutilidade de sua divulgação. Como já foi citado, tivemos no princípio desses trabalhos muita ajuda, caminhão lotado de donativos, e com o passar dos anos, por diversos motivos, foi minguando até ser mais prático manter-se por um pequeno grupo de médiuns e assistentes doadores.
Existem também questões éticas a analisar do ponto de vista de quem recebe.
Sempre achei mais saudável evitar grandes demonstrações e exposição desnecessária de médiuns trabalhando fora do ambiente apropriado do terreiro, para mim e para o grupo de que faço parte, pouco importa a distância, os trabalhos são feitos do mesmo jeito, preferimos inclusive a assistência vazia à perturbação de falatórios e desrespeito. E é no trabalho do terreiro que exercemos a plenitude da caridade.
A presença de médiuns em visitas a necessitados não apenas atende às necessidades físicas e emocionais, se por um lado para o necessitado pode ser útil um prato de comida e benéfica a presença de irmãos em oração para ter seu ego afagado e espantar a solidão e o medo, por outro é perigoso para os médiuns, podem cair em armadilhas do ego orgulhoso e exibicionista, que acaba sempre tristemente revelado com o tempo.
Sem falar no quanto é melindrosa a administração de bens doados, e do quanto expõe todos à desconfiança e ao desrespeito.
Penso que podem ser criados grupos de assistência a necessitados compostos de poucas pessoas, preferencialmente de um só ou do mínimo necessário ao trabalho, que represente um centro, desde que devidamente autorizado por seu PDS.
Grandes demonstrações de fé geralmente escondem no fundo a falta dela, ou pior: má intenção.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

PRETOS-VELHOS


Fico realmente entusiasmado com a defesa contundente e muito acertada da raça negra, dos valores e direitos fundamentais de resistência e dignidade que evidentemente os pretos-velhos da Umbanda simbolizam, bem como acho válido o chamado a reflexão sobre não tomar as imagens literalmente, e neste ultimo caso é que devo discordar da maioria dos irmãos umbandistas.
Entidades de Luz ou não, almas, espíritos desencarnados não possuem cor de pele, não são desta ou daquela tribo, não usam necessariamente este ou aquele paramento, pelo simples fato de, como bem acreditamos, já haverem encarnado e reencarnado muitas vezes em diferentes lugares e épocas, em diferentes povos e ter aprendido e vivenciado inúmeros e diferentes costumes em seu caminho na Existência. Se esta ou aquela entidade se utiliza de uma determinada roupagem, característica ou comportamento o faz pela estrita necessidade do trabalho a que se dedica, conforme é possível à sua compreensão da Vida e estagio evolutivo, e pelos vínculos físicos e astrais que grassam estabelecer com o ambiente e com seu cavalo. Evidentemente que um terreiro formado em determinada corrente, com uma egrégora específica manifesta diferentemente as entidades; um médium fulano dará a sua entidade características próprias de sua energia vital desta vida e experiência pessoal de muitas outras já vividas.
Pretos-velhos são entidades que após uma quase eternidade escravos do clico de encarnações atingem a Liberdade e retornam na Umbanda com a missão do serviço e a responsabilidade para com seus muitos companheiros de jornada ainda cativos. Sua mensagem é não de conformismo mas da compreensão do nosso cativeiro, da aceitação de nossas limitações, como na Desiderata, afim de atingirmos a sabedoria de possuirmos em nós o todo necessário para trilhar nosso caminho e da PACIÊNCIA como verdadeiro instrumento de evolução. A observação da CIÊNCIA DA PAZ para encontrar o eixo de si mesmo, e através disso a perfeita relação com seu ambiente e com o próximo.
Preto-velho não é preto e nem velho, presos ao ciclo de encarnações existem outros que são mais pretos ou mais velhos que muitos pretos-velhos já foram, mas jazem cativos. A Umbanda não tem pressa, a vida não acelera ou retarda nem um único instante por qualquer um, preto-velho na senzala espera o momento do entendimento de cada um pacientemente pitando seu cachimbo, sentado no toco.

CABOCLO MIRIM


Não sou advogado, procurador ou um grande conhecedor autorizado a falar do Caboclo Mirim ou de sua escola, mas não posso deixar de fazer algumas observações.
Benjamin Figueiredo escreveu um único livro: 0 OKÊ CABOCLO! já esgotado a muitos anos, nunca teve pretensões de formar ordens iniciáticas ou esotéricas, teve ele sim, na criação da escola material e ritual de sua casa, a influência dos ideais positivistas, da recém emergida classe média da época que valorizava a ordem militar e altos valores da ciência e do espírito, valores que fizeram crescer enormemente os cultos que pretendiam a afirmação da vida após a morte e a comunicação com entidades espirituais.
Os anos vinte trazem a esperança da reconstrução do homem pelos altos valores que para o Caboclo Mirim se traduzia em simplicidade, honestidade e fraternidade, para os médiuns a disciplina do trabalho e a sabedoria maior da própria ignorância, da urgência da Integração do Homem em si consigo mesmo, com seu ambiente e na comunhão humilde com o Universo brilhando o Eu Divino que sempre foi.
Tudo isso se fazia muito simplesmente no trabalho do terreiro e através do exemplo de uma vida inteira.
Simplicidade, honestidade e fraternidade, trabalho humilde e disciplinado tendo como Divina recompensa a única felicidade verdadeira: a satisfação do dever cumprido.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

REFLEXÕES SOBRE NOSSAS ORIGENS


Gostaria de deixar clara a minha preocupação com a recorrente associação da Umbanda com cultos de Nação, Candomblé e voduns. Se formos pesquisar seu criador, Zélio, oriundo do rito católico é muito mais próximo dos cultos kardecistas, não há aproximação com cultos africanos. Sete Encruzilhadas possui uma linha ética que poderia ser vista como kardecista facilmente, sem falar no fato de que, do culto africano trazido ao Brasil, se apropria somente do nome das entidades principais, a quase totalidade das palavras, termos e expressões usadas tanto na doutrina quanto na escola material são de origem TUPÍ-GUARANI.
Sempre me pareceu que atribuir à Umbanda uma origem africana é um ato de alienação, que para os cultos africanos serve como multiplicador de força e falso paternalismo para nós; para os cultos europeus, brancos e elitistas o nivelamento a condição de folclórico, alternativo, uma seita; bolha de subcultura, reforçando um colonialismo religioso e cultural, embotando a força do novo.
Se formos ver semelhanças da Umbanda com cultos africanos, onde se enquadra a Escola do Caboclo Mirim ministrada por Benjamin Figueiredo?
Muito cuidado para não se tornar um eco de uma mentira confortável às forças que se opõem a nós tanto no Astral quanto no plano material.
Fenômenos de incorporação, conversas com espíritos ou entidades aparecem em todas as religiões de uma forma ou de outra, umas mais outras menos, umas reprovam e abominam outras reverenciam e reafirmam. Catolicismo, Judaísmo, Islamismo, Budismo, Taoísmo, Hinduísmo, culto grego clássico, Zoroastrismo, cultos da cultura polinésia, Kardecismo e culturas ancestrais do Egito dentre outras fazem alguma menção ao fenômeno mediúnico e de incorporação.
Dizer que a Umbanda tem origem em cultos africanos ainda me parece miopia, os dados antropológicos apontam, em minha opinião, aspectos do positivismo, da ordem militar, da necessidade de uma nova identidade nacional e dentre outros mais, porém deixo em mim o espaço para ver e ouvir outra descrição destes fatos por outros pontos de vista.
Tenho o hábito de ser, principalmente quando escrevo, muito preciso e enfático no descrever meus pensamentos, sei que isso pode, por vezes, ser confundido com aspereza ou arrogância, mas creiam é apenas a necessidade de ser exato sem dar margem a interpretações indesejáveis.
Quando falamos sobre religião estamos mexendo com o que é para a quase totalidade dos indivíduos a ultima muralha de esperança, estamos indo de encontro ao sentimento paterno, por vezes infantil ( caso do radicalismo ), por vezes orgulhoso, do vislumbre do Criador.
Não compartinho das idéias de Matta e Silva, e já ouví vários testemunhos que desmentem muitos de seus relatos, assim como posso dizer o mesmo de quase todo mundo, sobre qualquer assunto e em qualquer lugar e portanto leio tudo e ponho a prova da forma possível, mas dificilmente tomo este ou aquele relato como verdadeiro ou confiável, o que não quer dizer que outros tenham que compartilhar de meu ceticismo.
No entanto no que se refere a um relato de pretensão histórica ou científica, fico muito preocupado no que tange a critérios. Para um texto que pretenda a descrição de um fato, o narrador deve estar preocupado com o verdadeiro moto e objetivo de seu trabalho, e se científico ou histórico, não deve ele estar teorizando para provar uma tese, pode cair em armadilhas sofistas. O estudioso deve prever a possibilidade irritante e desfavorável de sua pesquisa o levar a conclusões não esperadas. É sempre bom observar o método criteriológico de pensadores do passado ( Locke, Decartes, Freud,etc ), esses homens discorreram sobre o pensamento humano, suas estruturas e intencionalidade.
Fico preocupado com o que se conclui da pesquisa histórica pois não raro, a despeito da verdade dos fatos, torna-se verdade histórica investida de oficialidade.
Entendo que para um católico , judeu ou islã possa parecer que umbandistas e os "feitos no Blé" tenham a mesma origem, mas é indesculpável para nós esta visão, mesmo levando em consideração as diferenças entre as diversas casas e tendas isto não é aceitável.

OXALÁ X JESUS CRISTO


Para a Umbanda Jesus é o nosso Rei, o médium mais perfeito, aquele que por sua história de evolução graça o grau maior como médium comungando da essência plena do Criador tornou-se o Cristo, devido a isso sincretizado a Oxalá, orixá que para nós cumpre o papel de senhor da Criação e vibração mais elevada e pura entre todas. Mas não se incorpora Jesus Cristo e, em minha humilde opinião, o médium não incorpora o orixá mas comunga dele a vibração do nível de consciência que é possível a seu grau.
Abaixo transcrevo trecho de outra comunidade que sintetiza bem o que penso.

"Entretanto acredite que existe culto seguro na Umbanda, nela há preceito e técnica embasada em conhecimentos que remontam milênios, operadas por Entidades de Luz e médiuns cujo preceito primeiro é servir sem ver a quem, num ideal de fraternidade e crescimento pessoal, na Graça do Pai sob comando de Oxalá e dA Sua manifestação mais perfeita no médium mais perfeito: Jesus Cristo. Esta é a nossa visão da religião e de como nos relacionamos com ela."

MÉDIUM


Dispersão no terreiro

Em primeiro lugar aconselho a leitura do Livro dos Médiuns de Alain Kardec.
Em segundo lugar vale lembrar que os dons mediúnicos existem para cada um segundo seu grau de evolução, sua missão como médium e seu merecimento, não existe este tipo de mediunidade melhor do que o outro, existe a funcionalidade do veículo diante do trabalho, um médium bem formado, firme, batido no terreiro terá melhor desempenho que outro menos preparado. Não quero dizer com isso que não acredito em médiuns prodigiosos que aparentemente do nada se revelam, mas estes são na quase totalidade inconscientes ou semi-conscientes.
Afirmo que médiuns conscientes só o são por escolha, mesmo que por uma necessidade imperativa é uma escolha, e acima de tudo incorporados no terreiro estão lá pois assim o querem. Esta longa fila de escolhas se revela na postura do médium no terreiro, bem como em tudo em sua vida, até existe uma máxima: no terreiro todas as máscaras caem e nada se esconde; a firmeza do médium fica clara, principalmente para si mesmo, na capacidade de entrega ao trabalho, o quanto ele consegue abandonar de si de e suas opiniões para deixar a Umbanda entrar, a Umbanda não faz força, ocupa apenas o espaço que a Ela deixamos.
É perfeitamente compreensível que um neófito ou iniciante não possua ainda firmeza, deixe-se levar por divagações de sua mente confusa, seja afetado por influências externas, porém não é aceitável e deve receber dos graus superiores a devida correção, não se deixa cavalo doido solto no terreiro, salvo para ver o quanto escoiceia.
Técnicas de meditação (abandono consciente do ego, yoga, mentalizações) são sempre bem vindas para aqueles que desejam uma maior firmeza nos trabalhos da Umbanda.
Um médium disperso revela falta de firmeza em suas escolhas pessoais, de uma forma ou de outra, aqui ou ali todos passam por isso, faz parte do processo de crescimento espiritual e deve ser observado com atenção mas sem grandes culpas.