terça-feira, 1 de setembro de 2009

Cartas

Carta a Etiene Salles 2

Etiene

Em nossos debates sempre senti em você a sinceridade e o repeito que creio ser base para a Umbanda crescer forte e produtiva em tudo, por isso tenho em você um irmão e creio cada vez mais um amigo na construção deste trabalho de regeneração que é a Umbanda.

Eu sempre fui um ermitão em relação a minha religiosidade, desde os meus tempos de Santo Inácio, aqui no Rio, sempre tive uma maneira muito particular de ver a religião e o fenômeno religioso o que me rendeu o convite para o seminário, que declinei pois gosto por demais das mulheres e por defender sempre aquilo que é verdade e meus compromissos comigo mesmo. assumir uma vida de sacerdote implicaria em uma postura pessoal condizente e alinhada com aquilo que apregoaria.

Freqüentei e fui médium da IEVE, Irmandade Espiritualista Verdade Eterna, nela aprendi o sentido do que poderia ser caridade e serviço, bem como exibicionismo e má conduta, tive o exemplo do bom e do ruim e assim aprendi que nenhuma filosofia ou religião é boa ou ruim isto vale somente para as pessoas e a forma como se conduzem.

Tornei-me um ermitão e por muitos anos, anos em que conheci um lado mais duro da vida, de dificuldades e perdas, cometi erros e aprendi, estudei sobre as religiões e seus fundamentos, estudei Cabala e tarô e estes foram meus caminhos para o mais profundo em mim.

Encontrei o TEAUM, Tenda Espiritualista Amanhecer da Umbanda, após muitos anos de observação e afastamento, dizia que tudo isso de Umbanda era muito perigoso e que as pessoas não sabiam com o que estavam se metendo. Mas não pude deixar de me render ante à verdade simples que se apresentou a mim, a seriedade e o sentido de irmandade e justiça que emanava de tudo em minha volta. Até as pedras do caminho, meu irmão, emanavam diferente.

Conheci meu comandante, que se tornou meu amigo, confidente e um verdadeiro pai apesar da pouca diferença de idade entre nós, ele é mais velho que eu quatro anos. Conheci com ele o que é firmeza de comando, disciplina pessoal, simplicidade sem subserviência, e ainda estou aprendendo muito, me considero muito teimoso e orgulhoso ainda tenho muito que aprender.

De meu PDS e de nosso grupo foi que ouvi falar do Caboclo Mirim e de Benjamim Figueiredo, de sua escola e do compromisso que temos de perpetuar a Escola do Caboclo Mirim com firmeza e disciplina e que o resto pouco importava, cuidamos de nosso jardim e esperamos sinceramente que outros façam o mesmo, mas se não: "tudo está sempre certo conforme o desequilíbrio de cada um", não cabe a mim julgar.

Sabemos de tudo, muitos vem a nós contar o que acontece aqui ou ali, por nossa posição em relação à nossa escola e dos médiuns que temos acham que devemos tomar partido, cerrar fileiras, não passa uma semana que não apareça alguém que chegue a nós para dizer isto ou aquilo, a resposta é sempre a mesma, está tudo sempre certo.

Quem sou eu para dizer que este ou aquele está errado, eu mesmo tenho minhas questões, se tal não fosse aqui não estaria, habitaria outra esfera ou visitaria este plano como um preto-velho, uma eternidade para isto falta, sou por demais imperfeito.

Espero, irmão Etiene, que tenha sido claro em minha explanação sobre este ponto, sei perfeitamente que você é inteligente o tanto para ver e entender os sub-textos disto e portanto não mais pretendo me manifestar sobre pessoas, prefiro debate de idéias.

Muito honrado por sua amizade e confiante no trabalho produtivo de nossa Umbanda.

Desejo a você prosperidade e paz.

Edgar.


2009/8/8 Etiene Sales


2 comentários:

  1. Já li vários textos seus na internet sobre umbanda,gostei,não sou doutor em nada,mas admiro o que os outros escrevem,uma coisa devo dizer no que já li sobre religiões vi que todas tem o debates entre as diferenças que existe dentro de suas proprias religiões,umbandista x umbandistas
    evangélicos x evangélico,e pouco se aplica o que tornaria o ser humano melhor o ensino da moral cristão que alguns discordando ou não é o que realmente tornaria o mundo melhor e isto independe de religiões.
    que nosso Deus nos abençõe.

    reafirmo que gosto muito dos seu texto sobre umbanda que li no forum.

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    1. Toda a religiãoé boa, toda ela objetiva encontrar uma ponte interna para o mais sublime em si mesmo, e portanto um caminho para a plenitude e vislumbre do Pai.
      Entretanto os problemas inerentes á religião ou religiões sempre estão ao nível da moral, moral religiosa ditante de preceitos e regramentos que teimam préviamente dicernir por nós.
      Disciplina realmente é necessária e em tudo existe a necessidade de regramento, afinal o convívio humano necessita ser moderado por algo maior que o senso individual, posto que sem isto não haveria justiça e equilíbrio.
      Veja que a moral cristã, uma derivação da moral hebraica, parte do presuposto da culpa, culpa da queda da posição divinal num suposto plano de plenitude paradisíaca, perda diante da própria noção de humanidade, perda que pede constante complementação e aplacamento, que nostorna imcompletos e sensíveis à carência de inteiração.
      É um pensamento possível que em seu discurso inerente nos lkeva à meandros sem saida em minha opinião.
      Prefiro sinceramente pensar em ética, naquilo que é a geratriz da moral e que por este motivo pode facilmente ser interpretada de formas diversas e abraçar várias possibilidades de entendimento e fazeres, estes últimos sim, são essencialmente morais.
      Isto é discussão dialética, mas não é estéril, digo tudo isto para te fazer ver que não gosto de me ater a preceitos morais desta ou daquela religião, a Umbanda por exemplo, permite muitas possibilidades de pensar ético e consequentemente para cada um deles várias possibilidades de regramentos, visto a miríade de formas que a Umbanda assume.
      Se o pensamento cristão, que também está presente na Umbanda é melhor eu não sei, mas com certeza ele produz formas que me são mais do agrado, muito embora a Umbanda que pratico não possa se chamar propriamente cristã, apesar de toda a história de sua linhagem desde o surgimento do Caboclo Mirim.
      Talvés o eixo da questão seja a visão que se tenha do que seja o Cristo e de quem foi Jesus, é necessário um novo olhar crítico à luz de nosso preceito sobre tudo isto para produzir algo que se possa realmente entender.
      Agradeço suas palavras carinhosas e me despeço.

      Paz e prosperidade.

      Edgar Neto

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