terça-feira, 1 de setembro de 2009

Incorporação

Incorporação consciente e inconsciente

Ser médium inconsciente é ter seu livre arbítrio retirado, mesmo que por poucos instantes para determinado fim. Isto em meus estudos só se justifica pela pouca capacidade do médium de controle de seu veículo físico, geralmente estes médiuns são fisicamente debilitados e, como parte de um tratamento de regeneração mais profundo, são levados ao estado de inconsciência onde não existem travos conscientes às forças nele em ação.

Outros médiuns que dizem perder a memória de seus trabalhos não são inconscientes, no momento em que o trabalho está sendo executado ele também interage e está presente, porém por escolha ou por necessidade de ser preservado de alguma forma, tal lembrança lhe é arquivada, mas está lá se desejar e tiver o estudo e disciplina para saber acessar.

Médiuns conscientes o são por escolha, afinal outra em meu entendimento não há, seus trabalhos tem como um de seus objetivos "regrar a consciência menor para fazer nascer o novo homem em si" , tal só pode ser realizado por escolha através do diálogo consciente e produtivo estabelecido na relação com as entidades. Portanto não creio que possa admitir uma vivência plena da Umbanda médiuns inconscientes.

Todo o trabalho em Umbanda tem por objetivo levar a tudo e a todos a uma relação mais harmônica e fraterna, de união e unicidade, penetrar através do entendimento de si e do outro a consciência de Deus, tal se dá por ampliação da consciência e não por supressão da mesma, observe bem meu irmão que é difícil ver médiuns de constituição física desfavorável que o contrário na Umbanda, e mesmo estes mais frágeis quando incorporados ganham uma aura de força e firmeza admiráveis.

Posso falar disto com plena certeza pois a muitos anos quando tinha o Tarô como instrumento de trabalho, passava por tal fenômeno, durante a consulta com o outro eu sempre estava consciente e de pleno domínio de meu corpo, mesmo quando por raras vezes fui veículo para uma entidade no Tarô, nunca perdia a noção do que estava acontecendo e do que era dito, porém após alguns momentos a memória ia se dissipando até dela por vezes não restar nada.

Com o tempo aprendi que isso servia como um escudo de proteção para mim mas que poderia, se quisesse, retomar minhas memórias se delas fizesse uso construtivo de aprendizado.

Hoje quase nunca pego o baralho de Tarô e o trabalho na escola que abracei já me toma todo o esforço, mas ficou a experiência e o aprendizado.

Não estou com isso dizendo que não haja incorporação inconsciente na Umbanda, ela tem infinitos caminhos para o caminhante, estou dizendo que nunca conheci alguém assim ou soube de fonte confiável haver tal médium na Umbanda.

O estudo da meditação e da redução do ego, a humildificação pregada pelo Prof. Hermógenes, leva ao entendimento do que pode ser este afastamento da vontade, mas não da consciência de um médium, deixar um espaço vazio para que a Umbanda possa preencher, abandonar a mente e deixar-se navegar no silêncio e na imensidão do vazio de si dando o espaço necessário para o trabalho das entidades. Isto é incorporação consciente plena.

A única exceção ao que disse, é como aprendi e já vi e experimentei, muito embora não tenha muita convivência com o que narrarei, e o faço a luz dos ensinamentos que me foram passados por meu PDS, são as experiências mediúnicas provocadas por crimes contra a própria espiritualidade e a Umbanda.

Não a de Zélio, Benjamim Figueiredo, ou de Matta e Silva, do Tambor de Mina, do Omolokô, Branca, Negra ou com bolinhas, mas a Umbanda dos planos espirituais, aquela de que só temos visão parcial e restrita ao nosso fazer pessoal mas é muito maior e mais profunda.

Determinados crimes mediúnicos e contra as entidades criam em planos mais densos a incapacidade de desligamento entre os entes envolvidos, como se amarrados estivessem e permanecem em desenvolvimento paralelo, um sem poder negar ao outro, muitas vezes até sem um ter consciência do outro mas que em determinados momentos e em certas situações um "chama" o outro, tal se faz como uma punição, não é bem assim mas dá bem uma idéia aproximada.

O sujeito está no meio da rua e é tomado por uma entidade, começa a falar e fazer coisas sem sentido ou como se estivesse em um terreiro, do outro lado tal entidade não evolui enquanto estiver "amarrado" a este cavalo, ambos são criminosos e responsáveis em um determinado setor ou aspecto do trabalho espiritualista por um crime em comum, pagarão juntos no trabalho da Umbanda, e o principal trabalho é a consciência de seus crimes e a vontade verdadeira e disciplinada de reparar seu erro.

Nestes casos diz-se que o médium tem uma doença da alma e como tal deve ser tratada, o sentido de amarração e prisão está na supressão do livre arbítrio de ambos, que se faz a todos os níveis a princípio, posteriormente pode assumir a face de tentativa de mascarar seus próprios desejos primitivos transferindo para a entidade suas culpas: "não tenho culpa, não sabia o que estava fazendo".

No fundo, se não tem a consciência do que faz mas está em sintonia com o que é feito, e por crime original é responsável. Cabe a estes um caminho espinhoso de idas e vindas, de muitas "brigas" que a nada levam, mas que cumprem o trabalho de lapidação das almas e entendimento mutuo para o que deverá se tornar uma relação construtiva rumo a evolução espiritual no caminho da Umbanda entre médium e entidade.

Tal manifestação mediúnica pode ser confundida com a ação construtiva própria da Umbanda, é um engano, cumprem apenas sua prisão e devem ser tratados com cuidado, tal confusão pode levar a graves conseqüências a outros, além do agravo de seus crimes. Médium e ente astral devem ser doutrinados e vibrados para mudar sus condições.

Volto a dizer que desconfio muito de médiuns inconscientes na Umbanda, pois entendo ser ela caminho de ampliação consciente do ser.
Mas muitos são os caminhos, caminhantes e maneiras de caminhar.



6 comentários:

  1. nossa ainda sou um medío conciente cm posso fazer para que eu possa deixar meus quias trabalherem sem que eu imterfira nas vontade deles tanto exu cm orixas

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  2. Meu caro, em primeiro lugar é importante te dizer que não sou um PDS ou um grande conhecedor da Umbanda ou de suas manifestações, este blog é a tentativa de discussão de alguns temas que acho pertinentes, não é um guia para outros nem uma tentativa de sistematizar qualquer coisa, desejo o diálogo e a visão de muitas outras visões do que seja Umbanda.
    No centro que frequento, costumo ouvir que é da vivência do terreiro e do diálogo silente com as entidades que se estabelecem as conexões necessárias para nosso fazer harmônico em nossos trabalhos, é da entrega sincera e da contemplação humilde destas energias que acertamos as diferenças e nossos corpos sutis e vão se ajustando os laços que permitem a interligação, a mediunidade e a manifestação das entidades em muitos níveis, inclusive na incorporação.
    Existem muitos exercícios e práticas rituais que se destinam a facilitar tudo isto, diferentes e ou semelhantes em diversas manifestações do universo da Umbanda, uns da Escola do Caboclo Mirim, outros Omolokô, outros ainda na linha de Matta e Silva, existem muitos caminhos possíveis que variando de médium para médium se encaixam nos casos particulares.
    Somente seu orientador, zelador ou PDS pode saber qual é o caminho a trilhar no seu caso, porém vale repetir que a contemplação do Orixá pode ajudar muito, meditar é sempre a saída, ou a porta para entrar. Contemplar não é marcar um ponto e pensar nele, visualiza-lo e tentar penetrar conscientemente em seus mistérios, contemplar, meditar, é justamente o oposto. É abandonar tudo o que nos amarra, libertar a mente do pensamento, esvaziar-se por completo, libertar-se daquilo que entendemos e deixar espaço para o novo, entrar, livre dos filtros e pré-concepção do entendimento da mente consciente, num espaço de existência onde somos apenas canais de passagem para a Mente ativa da existência, alguns chamam de Logos, eu prefiro dizer que é deixar que o Maior preencha o espaço que permitimos em nossas mentes.
    Em meu terreiro nosso comandante, Caboclo Curumatãn, Xangô das Matas, nos diz no início de cada trabalho que é necessário abandonar nossas opiniões e pensamentos, deixar as preocupações de qualquer ordem e as experiências do mundo para traz deixando assim livre o espaço para a Umbanda entrar, que a Umbanda só ocupa o espaço que permitimos a Ela, e maior e melhor será o trabalho daquele que deixar de si e permitir espaço para a Umbanda se manifestar em seu eu.
    Como vê não posso ajudar muito, não posso dizer qual o seu caminho, mas posso no máximo falar do meu e esperar que de alguma forma isto possa te ajudar.

    Prosperidade e paz.

    Edgar Neto

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  3. Queria saber porque incorporo vejo tudo que faço,mas ao mesmo tempo nao consigo controlar o que falo para as pessoas

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  4. Como sempre digo: estas respostas só podem ser dadas por seu PDS, mas faço a observação de como é importante estar em contato com forças alinhadas com o mais puro e elevado em nós mesmos, pois no momento em que não se tem o pleno domínio do veículo físico estamos a merce daquilo que atraímos, chamamos e deixamos manifestar.
    Todas as entidades na Umbanda podem encontrar trabalho produtivo e formas de se manifestar e dar sua contribuição na obra pela paz, mas nem todas elas estão preparadas para dar opiniões ou consultar, nem todas possuem a amplitude necessária para, em plenitude, orientar; portanto ao dar passagem e permitir que falem estamos por vezes pervertendo uma hierarquia natural e necessária.
    Evidente que isto varia de culto para culto, mas para mim é base para meu comportamento em qq parte, médiuns na Umbanda tem livre arbítrio e portanto são responsáveis por aquilo que fazem e dizem dentro e fora do terreiro, incorporados ou não, somos sempre responsáveis por tudo que de nós se acerca e de tudo que por nossa influência é afetado.
    Aconselho que antes de dispor-se a dar passagem a entidades e permitir que falem ou se manifestem desta ou daquela forma, que vc encontre bases sustentáveis para confiança em seu trabalho e nas suas entidades como também eixos de força e segurança para se precaver contra possíveis entidades mistificadoras ou desvios em seu caminho.
    Esteja em paz.

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  5. Gostaria de saber porque um médio consciente ver e escuta tudo ,mais ao mesmo tempo não tem o seu controle no que fala e no que faz.E um médio consciente incorpora mesmo ou as entidades só encosta

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  6. Mais uma vez alerto que não sou PDS ou alguém com investidura de sacerdote para versar com autoridade sobre religião, sou apenas alguém que tem curiosidade e tenta responder segundo o que aprendeu.
    O médium pode apresentar níveis diferenciados de domínio sobre seu veículo físico durante a incorporação, o que não quer dizer que ele não esteja perfeitamente incorporado.
    Médiuns que apresentam supressão de parte ou do todo de seu controle físico podem indicar uma ligação cármica por crime comum entre médium e entidade, pode significar que o médium tenha um bloqueio natural á livre manifestação à entidade, que a supressão de seu controle inibe, ou podem ser muitas outras coisas.
    Quanto à incorporação ou irradiação pela entidade, posso dizer que a entidade irradiante leva ao médium algo como um "perfume" da luz mais brilhante que possui e que lhe é dada pela divindade segundo sua natureza, como um prisma que seleciona e canaliza a luz para o ambiente focado com particulares características de luminosidade , capacidade de penetração e colorido, isto pertence sempre ao mais elevado e sublime de cada um e não tem eixo de emanação em planos físicos de existência, pertencem à planos divinais de consciência característicos da vibração mais elevada do Orixá.
    Já na incorporação ou como vc disse "encostar" da entidade tudo se processa em planos físicos e nas relações dos corpos densos da entidade e do médium.
    É necessário se ter em mente que corpos densos não são propriamente sólidos, mas sim estruturas que possuem partículas físicas como prótons e elétrons e constituem campos que emanam de planos físicos de existência (mental, astral e físico).
    Quando entes astrais ou entidades estabelecem seus laços com os veículos físicos dos encarnados isto se faz no campo áurico emanante de ambos, passam a compartilhar eixos de força e emanação energética, através dos chacras e linhas de força etérea de forma mais ou menos organizada em força equilíbrio, isto é um mecanismo físico regrado por leis naturais pertinentes ao plano físico.
    Portanto digo que de forma genérica: qq manifestação de uma entidade é incorporação, enquanto a emanação ou canalização pertence ao nível mais elevado pertinente ao Orixá, porém quanto mais elevada a entidade e mais perfeito for o alinhamento ente ela e seu cavalo mais esta entidade poderá atuar como irradiante da essência de Orixá de si para seu cavalo e seu ambiente, nestes casos sua missão será marcada por características próprias e mais abrangentes em todos os sentidos, e é comum nestes casos ser confundidas com a própria luz que canalizam passando a chamar-se por esta característica definida pelo Orixá( Xangô das Matas, Ogum Matinata e outros nomes).

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